terça-feira, 10 de maio de 2011

Bullying - qual atitude tomar?



Desde pequenos, nem sempre com conotação maldosa, as crianças tendem a se tratar de acordo com suas características físicas e comportamentais. Para uma criança pequena, dizer que o coleguinha é gordinho, baixinho, birolho, aquela que bate, aquela que morde, ou outras características, servem apenas como forma de dar referência a um colega a partir de uma característica que eles perceberam ser peculiar a ele.


Cabe aos pais e professores, com igual responsabilidade, substituir as expressões que provocam constrangimento por outras quando possível, e conversar com a criança ou até com o grupo sobre determinadas características quando necessário. Não se deve esperar respeito das crianças umas com as outras, se as mesmas vivem em ambientes hostis, do tipo que maldizem os vizinhos e até familiares. A maior parte dos termos chulos que chegam em forma de ofensa nas salas de aula vieram dos pais, referendando pessoas com características semelhantes a que as crianças convivem.

Porém, mesmo com boa educação, não estamos livres de desentendimentos na escola ou até entre grupos de crianças e adolescentes, pois a ofensa moral faz parte das armas que o ser humano se utiliza para atacar e defender seus pontos de vista, mesmo com pessoas que aparentemente mantém bom relacionamento. Esse comportamento aparece naturalmente com a fala, e explica inclusive porque crianças pequenas mordem e batem nos seus colegas como forma de mostrar superioridade, poder e até para descarregar seus aborrecimentos. Ao adquirirem a linguagem, elas percebem que a ofensa verbal machuca tanto quanto a física.

Como pais, professores ou adultos responsáveis por um grupo de jovens ou crianças, pare agora e reflita: quantas vezes você interferiu em brigas dos seus filhos ou outras crianças, e dessas vezes quantas eram pequenas ofensas? Os adultos costumam castigar apenas quando as crianças se batem, mordem ou empurram, e normalmente aceitam as discussões que ouvem, mesmo com ofensas e palavrões.

As marcas de uma agressão física são externas e rapidamente percebidas, diferente da agressão moral, que nem sempre mostra suas conseqüências rapidamente. As pessoas que sofrem silenciosamente esse tipo de agressão são as mais propensas a desencadear as características do bullying, por isso é muito importante a criança e o adolescente sentirem-se à vontade e obterem atenção necessária para relatar suas vivências do dia-a-dia. São através desses relatos que os pais e professores podem perceber, ajudar e interferir se possível na mudança de comportamento não só do agressor, mas principalmente do agredido, que jamais deve silenciar qualquer ofensa recebida.

Michelle Maneira é pedagoga, com pós-graduação em psicopedagogia e especialização em tecnologias educacionais, professora de educação infantil da rede pública.


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